Moody’s altera perspectiva da nota de crédito do Brasil de positiva para estável

Agência mantém nota Ba1, mas aponta incertezas fiscais

A agência de classificação de risco Moody’s alterou a perspectiva da nota de crédito soberana do Brasil. A mudança foi de “positiva” para “estável”, mantendo o rating em Ba1 — o primeiro nível abaixo do grau de investimento. A decisão reflete preocupações crescentes com a trajetória fiscal do país e dificuldades em implementar medidas de ajuste nas contas públicas.

A nota Ba1 continua sendo considerada “especulativa”, indicando que o Brasil ainda não possui grau de investimento. No entanto, a mudança na perspectiva sugere que há menor probabilidade de uma elevação da nota no curto prazo. Segundo a Moody’s, os fundamentos econômicos permanecem relativamente sólidos, mas há riscos crescentes relacionados ao controle das despesas públicas e à sustentabilidade fiscal.

Justificativas da mudança

Em comunicado, a Moody’s explicou que a decisão se baseia nas dificuldades enfrentadas pelo governo brasileiro em avançar com reformas estruturais e cumprir metas fiscais. O cenário político desafiador, somado à resistência do Congresso a propostas de contenção de gastos e aumento de receitas, contribuiu para o ajuste da perspectiva.

A agência destacou que, embora o crescimento econômico esteja em recuperação e a inflação sob controle, o desequilíbrio fiscal estrutural continua sendo um ponto crítico. O déficit primário persistente e o aumento do endividamento público preocupam os analistas, especialmente em um contexto de juros elevados e baixa margem de manobra orçamentária.

Impactos no mercado financeiro

A mudança de perspectiva repercutiu no mercado financeiro brasileiro. O dólar apresentou leve alta nas primeiras horas após a divulgação, enquanto os juros futuros também registraram elevação. Analistas afirmam que a sinalização da Moody’s reforça a necessidade de ajustes fiscais mais consistentes para restaurar a confiança dos investidores.

Apesar disso, a decisão não foi recebida com surpresa. Muitos agentes de mercado já vinham alertando para a possibilidade de revisão, especialmente após o governo sinalizar revisões nas metas fiscais para 2025 e dificuldades em aprovar medidas de aumento de arrecadação.

Governo responde à avaliação

Em resposta à decisão da agência, o Ministério da Fazenda divulgou nota reafirmando seu compromisso com o equilíbrio das contas públicas. O governo argumentou que tem trabalhado na modernização da arrecadação, na revisão de subsídios e na melhora da qualidade do gasto público.

Representantes da equipe econômica destacaram que a mudança da Moody’s deve ser interpretada como um alerta para acelerar as reformas. Ainda segundo a nota, medidas adicionais já estão em avaliação para garantir o cumprimento das metas fiscais nos próximos anos, mesmo diante de um cenário político desafiador.

Comparativo com outras agências

Atualmente, o Brasil possui nota de crédito semelhante junto a outras grandes agências de rating. A Fitch, por exemplo, mantém o país com nota BB, também abaixo do grau de investimento, com perspectiva estável. Já a S&P Global avalia o Brasil com nota BB-, igualmente sem perspectiva imediata de elevação.

Analistas consideram que, para uma eventual recuperação do grau de investimento, o Brasil precisará demonstrar trajetória fiscal crível, aprovar reformas estruturais e garantir crescimento econômico sustentável. A melhora da governança fiscal e da eficiência administrativa são apontadas como pilares fundamentais para essa recuperação.

O que é a classificação Ba1?

A nota Ba1 atribuída pela Moody’s representa o primeiro degrau na escala de crédito especulativo. Ela indica que o emissor — neste caso, o governo brasileiro — possui capacidade de honrar seus compromissos financeiros, mas está sujeito a riscos econômicos e fiscais que tornam a dívida mais vulnerável a choques externos ou internos.

O rating Ba1 é um nível abaixo do grau de investimento, que representa maior segurança para investidores institucionais. Alcançar esse patamar é uma das metas de longo prazo da política econômica brasileira, pois reduz os custos de financiamento e atrai investimentos estrangeiros de perfil mais conservador.

Perspectivas futuras

Com a nova avaliação da Moody’s, o Brasil enfrenta o desafio de recuperar a trajetória de consolidação fiscal. A aprovação de medidas estruturais, como a reforma tributária, a revisão do arcabouço fiscal e a redução de subsídios ineficientes, será crucial para reverter a percepção de risco.

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A manutenção da confiança dos mercados dependerá da capacidade do governo de demonstrar compromisso com a responsabilidade fiscal. Mesmo sem uma redução na nota, a mudança na perspectiva já é um sinal claro de que o país está sob vigilância atenta das agências internacionais.

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