Influenciadores de finanças e apostas geram mais engajamento que ações, aponta estudo

Um estudo recente revelou que conteúdos produzidos por influenciadores digitais que abordam temas como finanças pessoais e apostas esportivas têm gerado mais engajamento nas redes sociais do que postagens sobre ações ou investimentos tradicionais. A pesquisa mostra uma mudança no comportamento do público, que tem buscado informações mais acessíveis e, muitas vezes, ligadas a promessas de retorno rápido.

O levantamento foi conduzido por uma entidade do setor financeiro e analisou milhares de publicações entre janeiro e abril de 2025. A análise incluiu temas como educação financeira, investimentos, mercado de capitais e apostas. O principal destaque foi o crescimento expressivo da audiência e da interação com conteúdos relacionados a finanças informais e plataformas de apostas online.

Finanças acessíveis ganham espaço frente ao mercado de ações

De acordo com o estudo, o interesse do público está se voltando para abordagens mais simples e práticas sobre dinheiro, como dicas de economia doméstica, crédito pessoal, produtos bancários populares e apostas esportivas. Os conteúdos sobre ações e renda variável, embora ainda relevantes, têm perdido espaço em termos de engajamento.

Isso se deve, em parte, à linguagem técnica e à volatilidade do mercado financeiro tradicional, que pode afastar o público iniciante. Em contraste, influenciadores que abordam temas como “como ganhar dinheiro rápido” ou “como apostar com segurança” conseguem maior adesão, especialmente entre jovens e pessoas de baixa renda.

Outro fator relevante é o uso intensivo de plataformas como TikTok, Instagram e YouTube Shorts, onde vídeos curtos com linguagem direta alcançam milhões de visualizações. Os algoritmos dessas redes favorecem formatos virais, o que tem impulsionado influenciadores do segmento a explorar temas de alta emoção e retorno financeiro imediato.

Popularidade de apostas online chama atenção de especialistas

O estudo também destacou o crescimento exponencial de conteúdo sobre apostas esportivas, cassino online e “bets”. As interações com esse tipo de material já superam, em volume, as obtidas por postagens sobre ações e fundos de investimento tradicionais.

Especialistas do setor financeiro veem esse fenômeno com cautela. Embora o engajamento seja alto, há preocupações sobre os riscos envolvidos. Muitos conteúdos promovem apostas como forma de rendimento regular, sem alertar sobre as perdas potenciais ou os impactos do vício em jogos.

As entidades reguladoras têm discutido medidas para exigir mais responsabilidade dos criadores de conteúdo que abordam apostas, inclusive com a possibilidade de exigir disclaimers sobre os riscos e a natureza recreativa dessas atividades. Também há debates sobre a necessidade de certificação ou qualificação mínima para influenciadores que tratam de finanças nas redes.

O papel dos influenciadores na educação financeira

Mesmo com críticas, muitos influenciadores têm desempenhado um papel relevante na democratização da informação financeira. Ao traduzirem termos técnicos para a linguagem cotidiana, eles contribuem para o aumento da conscientização sobre crédito, consumo e organização financeira entre públicos historicamente excluídos do mercado de capitais.

Por outro lado, o estudo aponta que nem todo conteúdo é baseado em fontes confiáveis. Parte dos vídeos mais vistos propaga mitos sobre investimentos, promove produtos de alto risco sem a devida explicação ou faz promessas de lucro garantido, o que é ilegal segundo a regulamentação vigente.

Entidades do setor, como associações de bancos e corretoras, defendem uma maior regulamentação do conteúdo financeiro digital, sem censura, mas com foco em transparência, educação e responsabilidade. Campanhas educativas também têm sido criadas para orientar o público a identificar conteúdos confiáveis.

Dados mostram recorde de interações no início de 2025

O estudo revelou que o primeiro quadrimestre de 2025 registrou números recordes de publicações e interações sobre finanças nas redes sociais. O volume de conteúdo cresceu cerca de 40% em comparação com o mesmo período de 2024, com destaque para influenciadores independentes que atuam fora do sistema financeiro tradicional.

Posts com maior engajamento costumam seguir uma estrutura narrativa emocional, utilizando histórias pessoais de superação ou promessas de independência financeira. Esse formato tem se mostrado eficaz para capturar a atenção do público, mesmo quando o conteúdo carece de embasamento técnico.

Os pesquisadores responsáveis pelo levantamento destacam a importância de políticas públicas e iniciativas privadas que incentivem a produção de conteúdo educativo, balanceado e responsável. O objetivo é garantir que o crescente interesse por finanças seja canalizado de forma positiva e segura para os usuários.

Conclusão: entre informação e risco, o poder da influência

A explosão de conteúdo sobre finanças e apostas nas redes sociais demonstra o poder da influência digital na vida financeira dos brasileiros. Se por um lado isso pode ampliar o acesso à educação financeira, por outro também representa desafios sérios em termos de desinformação, ilusão de ganhos fáceis e exposição a riscos não percebidos.

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A responsabilidade agora é compartilhada entre influenciadores, plataformas, órgãos reguladores e o próprio público, que precisa desenvolver senso crítico diante das promessas fáceis. O cenário aponta para a necessidade de equilíbrio entre liberdade de expressão e proteção ao consumidor, em um ambiente digital que cresce em ritmo acelerado.

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